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9 de setembro de 2008

Nosso Civismo

O jornal "Notícias do Dia", na sua edição do nosso Sete de Setembro, trouxe observação de um professor da Univali, segunda a qual: “Houve um afastamento da consciência do cidadão da história do país”. ( p.9) E o Editorial, (p.3) seguiu na mesma trilha. Ambos laborando em verdade sem dúvida nenhuma. Porém, seria interessante dizer um pouquinho mais.

Essa questão do civismo do nosso povo hoje, colocada na moldura sócio-histórica que se lhe deve, precisa ter como fundo o golpe militar de 1964 com seus desdobramentos para o sentimento cívico e religioso: história banida do ensino de segundo grau, educação moral e cívica feita disciplina que se empurrava goela a baixo da juventude, seduzida pelo “slogan”: “plante que o governo garante”.

O sentimento religioso de nossa gente tão piedosa também foi prejudicado pela Ditadura dita em nome da Democracia: lembremos da CAMD (Campanha da Mulher pela Democracia), por exemplo. Os militares assumiram o poder aos aplausos fervorosos da ala reacionária da Igreja Católica, que levou os fiéis às ruas de rosário em punho. Veja-se a imprensa daqueles dias, que ela não nos deixa mentir.

Seria de ingenuidade óbvia, dar esses trâmites por findos com recurso às “diretas já” e à Constituição Cidadã, de 1988: foram apenas conquistas indispensáveis para trazer início ao processo de democratização, ainda em curso expresso. Estamos migrando do regime de exceções para um cotidiano democrático, como lindo bando de gaivotas. Nem se discute. Mas, há arapongas piando de ninhos antigos a serviço de urubus malandros. Os últimos acontecimentos de Brasília que o digam.

Claro que “não há chifres em cabeça de minhoca nem elefante amarelinho existe”. Mas, louco é quem esquece! Nunca é demais lembrar do Pai Nosso: “não nos deixeis cair em tentação e livrai-nos de mal!”. Amém.
Pedro Bertolino
Filósofo/professor
Aposentado pela UFSC

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