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16 de agosto de 2008

A pedofilia e suas conseqüências

Pedro Bertolino*

Os atentados sexuais contra crianças e adolescentes (menores de idade em geral), designados por pedofilia, compreendem um conjunto de ocorrências que variam desde a simples insinuação libidinosa, passando por assédios com sedução ou atentados ao pudor sem violências, chegando a casos de espancamentos severos, de estupros, infanticídios: sendo que, muitas vezes, essa eliminação da vítima atende a propósitos de queima de arquivos por parte do criminoso.

Os desdobramentos de tais episódios isolados ou seqüenciais para as vítimas foram atestados já pela Medicina Legal do século XIX e retomados pela Psiquiatria dos últimos cinqüenta anos (mormente forense) como sendo inequivocamente danosos em termos físicos, morais e psicológicos. São seqüelas que se estendem desde dificuldades de socialização por parte da criança (isolamento, timidez, etc...) passando por prejuízos na aprendizagem (desinteresse, dispersão, o chamado déficit de atenção, etc...), além de levar à propensão para o uso de drogas, delinqüência em geral, incluindo parricídios, homicídios de vítimas ou perpetradores, como também, predisponência para esquizofrenização e outros processos de enlouquecimentos na idade adulta.

O enfretamento do fenômeno por meios policiais e judiciais faz-se imprescindível para conter sua multiplicação a título de costumes ou segredos familiares, como ocorre em muitos casos que não envolvem violências físicas significativas, e perpetrados por parentes das vítimas, facilitando-se a tolerância e, inclusive, a propagação através de gerações. Mas, não é menos necessária a participação dos profissionais de saúde de todas as áreas, dos educadores, dos psicólogos ou psicoterapeutas e todos aqueles que, de uma forma ou de outra, se aplicam aos cuidados com crianças e adolescentes. O sentido desse engajamento não reside apenas na oportunidade de detectar ou denunciar casos de pedofilia e violências que ficariam acobertados e impunes: tão imprescindível, e até mais conveniente muitas vezes, é a orientação e assistência profissional preventiva.

Há tratamentos médicos e psicológicos tanto para as vítimas e demais familiares, conforme o caso, bem como para os próprios perpetradores das violências e abusos, os quais são também portadores de distúrbios de personalidades, conforme constatações científicas inquestionáveis, devido a maus tratos padecidos na infância e adolescência.


*Professor da UFSC (aposentado)
Pós-graduado em Antropologia/Filosófica

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