Capitulo 2 - AS RESPOSTAS
É inverno. A noite está caindo e eu me levanto para acender a luz. Olhando para fora, vejo que começou a nevar. Tudo está coberto pela neve brilhante, que esta caindo silenciosamente do céu encoberto. A gente caminha sem ruído ao longo da minha janela. Ouço alguém sacudir a neve dos seus pés. Esfrego as mãos e aguardo a noite com satisfação, pois, faz alguns dias, telefonei a um amigo convidando-o a vir ter comigo esta noite. Dentro de uma hora estara batendo à minha porta. A neve lá fora parece que dara à sua visita um caráter ainda mm ais agradável. Ontem comprei uma boa garrafa de vinho, que coloquei a distância apropriada do fogo.
Sento-me à mesa para responder algumas cartas. Meia hora hora mais tarde, toca o telefone. É o meu amigo, a dizer que não poderá vir. Trocamos algumas palavras e marcamos novo encontro para outro dia. Quando torno a colocar o fone no gancho, o silêncio do meu quarto ficou mais profundo. As próximas horas se parecem mais longas e mais vazias. Coloco mais uma acha de lenha no fogo e volto à minha escrivaninha. Dentro de alguns momentos estou absorto num livro. O tempo passa lentamente.
Ao levantar os olhos por um momento, para refletir sobre um trecho pouco claro, a garrafa, perto do fogo, chama a minha atenção. Percebo mais uma vez que o meu amigo não virá e volto à minha leitura.
Revendo este episódio extraído da vida de todos os dias, noto que há interação contínua entre mim, o sujeito, e as coisas à minha volta, os objetos. (...)
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Trecho do Livro “O paciente psiquiátrico – esboço de uma psicopatologia fenomenológica”, de Jan Hendrik Van den Berg.
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