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9 de outubro de 2008

Pedofilia e internet: como cuidar de nossas crianças na WEB?


Redes de pedofilia nacionais e internacionais são desbaratadas regularmente, deixando-nos vislumbrar a ponta de um iceberg cujas dimensões e danos são difíceis de dimensionar. A internet é considerada atualmente um dos veículos que mais contribuiu para o aumento da pedofilia, especialmente o comércio e exploração da pornografia e da prostituição infantil. Por um lado ampliou a conexão, a troca de materiais e a organização entre os pedófilos; por outro, facilitou o acesso às vítimas potenciais – crianças e adolescentes – na interioridade dos seus lares, escolas, lan-houses, cyber-cafés, etc.

A situação é séria e merece atenção: a SaferNet
, ONG criada para combater a pedofilia e outros crimes cibernéticos, registra diariamente cerca de 500 denúncias de pornografia infantil na WEB. Em 2007 foram mais de 267 mil denúncias, o dobro de 2006. Devido à gravidade da situação, em março de 2008 foi criada no Senado Federal a CPI da Pedofilia, que objetiva investigar e regulamentar os crimes via internet. Em 10 de julho de 2008, o Senado aprovou o Projeto de Lei nº 250/08, proposto pela CPI da Pedofilia, que criminaliza novas condutas envolvendo crianças e adolescentes, bem como atualiza penas para crimes já previstos no ‘Estatuto da Criança e do Adolescente’. A lei é polêmica, o que mostra a complexidade da situação e a fragilidade que a internet ainda apresenta relativamente a tais crimes.

Com tal estado das coisas, muitos pais ficam perdidos, atônitos, preocupados, sem saber o que fazer nem como proteger seus filhos: fico controlando-os e vigiando-os? Deixo-os navegar livremente? Acredito que nada de mal lhes acontecerá quando na rede? Proibo-lhes o acesso à internet?

Nenhuma destas atitudes é adequada! Ficar apenas controlando ‘de fora’ os filhos ou vigiando-os é um equívoco, pois a criança não aprende a ter limites por dentro, ou seja, não aprende a demarcar e definir que coisas e pessoas a viabilizam e que coisas e pessoas a prejudicam num contexto de relações. É claro que aos pais cabe orientar e demarcar quais sites o filho pode ou não acessar e quais deve evitar, mas sabemos que é impossível controlar os filhos 24 horas por dia, além de equivocado. Uma criança que viva sob vigilância, quando não estiver sob controle fica fragilizada, solta e pode se 'perder' mais facilmente ainda, tanto na teias da WEB, quanto na vida cotidiana. A aprendizagem de limites por dentro é parte crucial no processo de desenvolvimento de uma personalidade sadia, com a qual - pela mediação do sociológico familiar principalmente - a criança aprende a delimitar seu ser e sua integridade frente às coisas, pessoas e situações.

Sentar-se de braços cruzados e deixar os filhos ‘soltos’, navegando a bel prazer é, também, outro grave erro. É o mesmo que deixá-los entrar num mar cheio de ondas e repuxos sem saberem nadar direito. É expô-los ao risco. Da mesma forma, acreditar que nada lhes acontecerá quando estiverem on-line é contar com a ‘sorte’ ou ‘azar’ das crianças: é deixá-las à revelia dos acontecimentos.

É inegável a importância da internet como instrumento de conhecimento, pesquisa, aprendizagem, relacionamento, diversão, comunicação, e tanto mais. Não permitir o acesso a tal instrumento é privar os filhos dos meios materiais e tecnológicos de sua época, algo que já faz parte da realidade antropológica desta geração e das futuras. Hoje não é mais cabível posicionar-se contrário à internet, ela está aí, porém é preciso levar em conta os perigos que ela comporta. Cabe, agora, a pais e filhos aprenderem a lidar com este novo 'veículo' de forma segura e viabilizadora, tanto quanto qualquer outro instrumento ou situação da vida contemporânea: automóvel, TV, vídeo-game, celular, bicicleta, raves, bebidas alcoólicas, AIDS, drogas, violência, e tantos mais.

O importante é que os pais acompanhem seus filhos nesta trajetória, participando da relação deles com a WEB. Para isso é preciso conhecer a internet, saber usá-la, conhecer os sites que os filhos circulam, não para vigiá-los, mas para orientá-los e monitorá-los neste caminho. Monitorar não como forma de controle, mas de estar atento, acompanhar, saber o que fazem, com quem, da mesma forma que se deve proceder com os filhos na vida 'real'. Para tanto é preciso criar um espaço de troca e de conversa com os filhos, dividir curtições e problemas, repartir o que gostam e desgostam - é preciso compartilhar com os filhos! Desta forma, tanto pais quanto filhos ficam seguros. Os pais porque sabem o quê os filhos fazem, com quem, quais seus interesses, suas dificuldades e que serão chamados quando necessário; os filhos porque sabem que estão acompanhados, cuidados, amados: não estão sós.

E apesar de parecer simples, muitos pais não sabem ou não conseguem efetivamente conversar com seus filhos, colocar-lhes limites por dentro ou compartilharem, saborearem as coisas com eles. Quando os pais se deparam com dificuldades relativamente aos filhos é importante que procurem um Psicólogo - o profissional da ciência capacitado para verificar, orientar e intervir em problemas da vida de relações - para viabilizar o desenvolvimento saudável da personalidade dos filhos, previnir futuros impasses e garantir ao máximo a integridade física e psicológica deles. E isto é válido tanto para as questões da internet como para todos os âmbitos da vida da criança e do adolescente.

Claudia Félix
Psicóloga
Sócia do Nuca - Núcleo Castor
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Cartilha “Diálogo virtual” - http://www.safernet.org.br/twiki/bin/view/SaferNet/CartilhaDialogoVirtual

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