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26 de junho de 2008

Rotação da Terra e movimento aparente do Sol

Ilusão da ilusão de “óptica”

O pensamento corrente, alguns professores de astronomia ou importantes pesquisadores até, concebem isso a que chamam de movimento aparente do Sol ou da nossa via “láctea”, como sendo devido a ilusões de ótica ou engano dos sentidos. Em conseqüência: qualquer sujeito objetivado no mundo de todos dias, seja pessoa comum ou cientista da área que se queira, acaba levado ao saber-de-ser em movimento numa realidade objetiva que se divide em duas excludentes entre si; por saber: a) _ aquela do nosso cotidiano em que qualquer coisa pode ser sempre qualquer outra, já que todos os gatos podem sempre ser pardos; e b)_ aqueloutra em que as ocorrências de fenômenos conhecidos no espaço-tempo se evidenciam à plena luz de verdades únicas, quando ascendemos a tal privilégio pelas verificações das ciências experimentais.

Aqui não se cuida obviamente do fenômeno da refração dos raios luminosos, o qual nos leva à constatação e à compreensão cientifica da posição aparente e real de estrelas distantes: nosso Sol está muito próximo para isso. Mas, lembrando Snell (1621) até poderia ser adequado falarmos de ângulo de posicionamento do Sol por analogia aos ângulos de incidência “i” e de refração “r”, estudados por aquele autor, ao considerar o problema da refração da luz, pela primeira vez. Pois, não temos duas percepções diferentes muito menos contraditórias entre si, no caso do movimento aparente do Sol ou da nossa via láctea. Um observador terrestre, postado às 15h para exemplo, terá o Sol posicionado a 45 ° oeste, considerando-se a Terra seja estacionária, seja no seu movimento de rotação: trate-se de uma verificação científica ou de uma percepção comum, o objeto será encontrado na mesma coordenada, vale repetir: a 45 ° oeste do percepiente.

Tudo resumido e recapitulado: no caso das posições seqüenciais do sol em sua trajetória: sempre de leste para oeste não há duas percepções, muito menos excludentes entre si. Aliás, esse movimento físico do Sol encontra suas condições físicas de possibilidade na rotação da Terra no sentido inverso (sempre de oeste para leste): evidenciando-se uma situação em que temos y = f(x); sendo “y” o movimento aparente do Sol e “x” a rotação real da Terra. Nada mais que um fenômeno físico, o qual não deixa lugar para falarmos de ilusão de ótica (no sentido oftálmico) ou engano dos sentidos a ser corrigido por uma percepção privilegiada que se chamaria científica.
Afinal: se a Terra não girasse, o Sol não apareceria em posições diversas para qualquer percepiente que se quisesse.

Sem dúvida alguma, precisaremos continuar referindo o movimento real da Terra em sua rotação, bem como, o movimento aparente do Sol em sua trajetória, posto que nos dois casos temos ocorrências físicas inconfundíveis e irredutíveis. Porém, ao invés de atribuir o movimento aparente do Sol e de nossa via “láctea” a ilusões de ótica ou engano dos sentidos, poderíamos tomar o movimento aparente do Sol na conta de virtual: nos mesmos termos em que se fala de “real” (ocorrências físicas com massa) e “virtual” (ocorrências físicas sem massa) em Física Quântica.

Depois de tudo: Kepller de Souza Oliveira Filho e Maria de Fátima Oliveira Saraiva, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), tratando das medidas do tempo, escrevem: "A medida do tempo que se baseia no movimento de rotação da Terra, que provoca rotação aparente da esfera celeste”. (
http://astro.if.ufrgs.br/ ). Como se vê: nada mais nem menos do que aquilo que estamos propondo aqui, qual seja: que o movimento aparente do Sol é função do movimento de rotação da Terra e como tal deve ser tratado.


Pedro Bertolino

Em Florianópolis, inverno de 2008.

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